Sugestão de Trajes para as Comemorações dos 500 Anos do Foral de Carapito

A razão

Este ano, Carapito vive um tempo excepcional. No meio da turbulência dos dias que vivemos, a nossa querida villa, o concello de Carapito comemora a bela data de 500 anos da outorga do seu foral, como muitas outras do nosso país.

As comemorações dos 500 anos do foral de carapito têm como ponto alto os dias 10 e 11 de Maio de 2014. Nesses dias, ocorrerá a recriação do momento histórico do dia 10 de Maio de 1514, em que todos somos convidados a participar de forma activa, envergando os nossos trajes medievais para transformar a Praça de Carapito no mercado de há 500 anos.

Este tempo excepcional, não poderá ser confinado ao ano de 2014, e mais especificamente, ao dia 10 de Maio, em que haverá uma série de manifestações populares, inseridas no quotidiano da vivência carapitense, tendo o seu ponto alto na data específica do documento que conferiu a Carapito, o estatuto de villa, concello e lhe deu a oportunidade de representar este novo poder num belíssimo Pelourinho, ícone da Praça, símbolo de um povo. Transbordará por certo para outros anos. Mas este é o primeiro de muitos.

Contextualizando

A cena (do ano de 1514) passou-se na Idade Média, nos primórdios do Renascimento em que se assiste a uma revolução estética, derivada da abertura da velha Europa aos Novos Mundos. Aliás, o El-rei D. Manuel criará para a posteridade um estilo específico de construção, do qual os Jerónimos são a maior e mais emblemática construção. No entanto, é crível que não estivéssemos ainda tão avançados no tempo e que os trajos da população em geral não tivessem sofrido evolução alguma relativamente aos séculos anteriores.

Existiam 3 classes: Povo, Nobreza e Clero. Além destes três grupos, havia ainda, mouros, judeus e ciganos que, pertencendo ao povo, se diferenciavam, não só pela óbvia aparência física, mas igualmente pela forma de vestir e agir. O Povo representava a maior parte da população e não teria grandes direitos, tendo de se sujeitar à vontade ora do Clero ora da Nobreza. Não sabemos qual das duas classes teria mais influência em Carapito. Mas, tal, não importa para nós neste contexto.

Pretendemos, nesta recriação do momento, que cada um tome parte neste momento histórico, trajando a rigor para a ocasião. Existem, de alguns anos a esta parte várias recriações de feiras ou festas medievais. Óbidos e Santa Maria da Feira são os dois grandes exemplos nacionais (esta última com um espaço de 3 hectares em volta do castelo dedicados ao tema), onde se montam cenários gigantescos para as recriações históricas. Mais perto de nós, Trancoso, com o seu castelo e as Bodas Reais, Mões em Castro Daire e Penedono com uma festa rija são outros exemplos. E referir igualmente que, em Aguiar da Beira, houve em várias ocasiões igualmente, através da escola e dos alunos, a feira medieval junto à Torre e Fonte. É um tipo de actividade que tem cada vez mais participantes e entusiastas.

Participando

Ora, as recriações só se tornam realidade quando todos assumem o seu papel. Para além, das encenações que existirão com figurantes e expositores, compete-nos participar com rigor (o possível e necessário), que não é mais do que estar presente fisicamente com o traje adequado da época, como se nos transportássemos no tempo e nele vivêssemos (teremos de nos abstrair das janelas de alumínio, candeeiros com lâmpadas e restante iluminação, torneiras com água e dos viajantes do tempo que não façam a viagem, os que aparecerem de calças de ganga, dos telemóveis a tocar, etc etc…).

Introduzindo o tema

Muitas das características das vestimentas da época Medieval surgiram graças à influência das cruzadas. Poucas pessoas podiam-se dar ao luxo de se vestirem com elegância, já que a sociedade estava estratificada em ordens, como dito anteriormente. Os tecidos utilizados na Idade Média, apesar da importação de muitos tecidos asiáticos, como as sedas, os brocados, os veludos e os damascos (que, pelo seu preço, eram apenas utilizados pele alta nobreza e clero), não tinham no entanto o brilho que actualmente se consegue com os tecidos sintéticos. Portanto, em primeiro lugar, os tecidos a usar não devem ter brilho algum.

Outra característica do vestuário medieval é a fraca diversidade na cor. Durante a época Medieval, o vestuário manteve-se muito estável, apenas com algumas modificações.

Há várias categorias pelas quais se podem classificar as roupas usadas na Idade Média: traje profissional (caçador, pescador, pastor, pastora, sapateiro, ferreiro, ferrador, padeiro, cozinheiro, etc) , traje de uniforme (militar, eclesiástico, académico, de justiça, carrasco, de cortesãos, de criados, segundo a idade da criança (de colo, jovem, adulto e velho), segundo o sexo (masculino e feminino), segundo a fortuna (pobre e rico).

A característica dominante é a simplicidade nas formas, cores e materiais!

O vestuário

Na pré-história, os homens vestiam essencialmente peles de animais que usavam depois de um tratamento minimalista. Nos tempos seguintes, a invenção dos teares ofereceu a possibilidade de utilizar tecidos e malhas mais transformados e com outro conforto. Não nos podemos esquecer, num estilo e material diferentes, das palhorças, usadas por certo frequentemente na nossa zona devido à tradição de pastoreio existente. Para quem tiver, é um traje perfeitamente adequado, que inclusive resiste à passagem do tempo e que chegou até hoje.

Outra peça que chegou até aos nossos dias, são as túnicas, que foram utilizadas durante toda a Idade Média, tendo-se tornado mais pequenas, até ao joelho e com mangas largas e as capas passaram a ser fechadas apenas com aberturas para os braços. Por baixo das túnicas os homens vestiam calções soltos e vários tipos de coberturas para as pernas como os pelotes que eram forrados de peles ou seda.

Mas os restantes trajes eram usualmente e na generalidade, simples, de material grosseiro e numa cor única.

Uma das peças para ambos os sexos é a branqueta cuja forma tem como base uma túnica branca e curta sem mangas. O formato de túnica era comum. Era executada em lã de cor natural, a que foram apostas mangas. Pode usar-se com um cinturão, meias ou collants e com uma peça para a cabeça. O cinturão permite atar à cinta, armas como adagas, facas e punhais.

Uma das grandes evoluções do período correspondente à Idade Média (que durou cerca de mil anos!) é a diferenciação entre vestuário feminino e masculino.

Assim o homem vestia-se com calças de malha ou outro tecido pouco largas (justas às pernas), de cores escuras, uma túnica simples, a direito, ligeiramente comprida, com mangas a ¾, de gola redonda inteira ou com corte, a bolsa (em couro ou a imitar) à cintura para pôr o dinheiro ou optar por colocar um bolso no avental, um barrete e uns sapatos em couro ou a imitar, pretos ou castanhos.

A mulher tinha uma touca ou lenço na cabeça, uma túnica simples de uma só cor ou blusa com franzido na manga e na gola, um colete justo ao corpo, atado à frente com cordel, uma saia comprida até ao tornozelo, franzida e de cores preferencialmente escuras, um avental com ou sem franzido, com ou sem bolso, e calçados uns tamancos, sapatos ou chinelos em couro (ou a imitar).

Véus

A mulher medieval apreciava os cabelos longos, usados quase sempre divididos ao meio e trançados. Mas, ao mesmo tempo, era regra usar algo a tapar os cabelos em presenças públicas. Assim, os véus eram usados com frequência sobre a cabeça enfeitada com pérolas ou colares.

Algumas mulheres escondiam o cabelo usando a Coifa (foto do lado direito) – tipo de adorno usado por homens e mulheres, em geral de classes mais pobres.

Ajudava a proteger do frio. O seu formato é rente à cabeça e é preso logo abaixo do queixo, através de um pequeno cordão.

Relativamente a crianças pode-se, e deve-se, sempre que possível expor os cabelos longos, recorrendo-se a simples adereços como coroas tiaras ou simples fios de pérolas, apenas como embelezamento.

Chapéus e capuzes

O chapéu ou outro elemento para a cabeça é essencial para retratar personagens medievais. O homem medieval usava continuamente este tipo de acessório.

Diversas eram as formas destes. No entanto, a coifa, sendo de fácil concepção e económica é o acessório mais simples e prático para utilizar.

Cintos

Necessários para definir a silhueta de qualquer traje, os cintos podem ser simples cordões de fibra ou linha mas, sempre que possível, devem ser de couro.

Nos trajes de damas, os cintos, podem ser substituídos por faixas de tecido contrastante atados à frente, e eventualmente guarnecidos com borlas decorativas nas pontas.

Bolsas

As bolsas eram bastante frequentes na Idade média tanto no vestuário masculino como feminino, dado que os trajes desta época não tinham bolsos, como os da actualidade.

Pendendo nos cintos, as bolsas eram de couro ou de tecido, ajudando a dar credibilidade a um traje, além de serem um acessório essencial para esconder os objectos actuais dos quais não nos conseguimos separar, como carteiras telemóveis, etc.

A variedade de modelos é quase infinita, recomenda-se, no entanto, que se opte pela simplicidade que é sempre um bom ponto de partida.

Sapatos

Este adereço do traje, é para manter o rigor deste, um dos mais difíceis e caros de obter. No entanto, mais uma vez o critério da simplicidade se impõe e quaisquer sandálias (masculinas ou femininas) sem adornos, em pele ou imitação servirá para o efeito. As botas, para serem fidedignas, devem ser de cano alto, pretas ou castanhas, sem fivelas, nem costuras.

Este adereço era semelhantes para ambos os sexos.

Devem evitar-se a todo o custo os sapatos de ténis e outro calçado desportivo, e sempre que for impossível adquirir sapatos de época, devem utilizar-se sapatos actuais, mas o mais simples possível.

Há uma solução para esconder o calçado de outras épocas que consiste em colocar dois panos cosidos entre si em “V”, deixando a abertura para a perna e aplica-lo sobre o calçado.

Calças

As calças devem ser simples, lisas, de uma cor ou serem do tipo collant como acima foi mencionado. Podem ser do tamanho da perna ou de três quartos, deixando inclusive alguma parte da perna à vista, nos homens.

Túnicas e vestidos

São imensas as hipóteses de túnicas e calçados. Mas reiteram-se todos os considerandos acima expostos, sendo o mais importante: simplicidade. Uma túnica como a acima descrita é a forma mais simples e económica de obter uma peça de roupa adequada, podendo inclusive ser aproveitada de uma camisa lisa, mais velha, de onde se retirem os pulsos e o colarinho. Acrescentando-a a camisa com um tecido do mesmo género obtém-se uma túnica, em que a costura poderá ser tapada com um cinto.

Por outro lado, pode usar-se uma túnica comprida até ao chão, lisa, presa a meio por um cinto conforme descrito, sandálias e um barrete.

A vestimenta do Clero era composta por túnicas de cor escura ou clara com capuz ou com um a mitra.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *