Todos pelo clima e pela Terra — não há planeta B!

Manifestação pelo clima e greve dos estudantes em Genéve em 27 de Setembro de 2019. MHM55, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

O mundo viu esta sexta-feira, 27 de Setembro, realizar-se mais uma greve global de estudantes pelo clima, desta vez em maior escala. Aconteceu em cerca de 150 países, incluindo Portugal. O protesto em defesa do planeta assumiu-se como sendo o “plano b” para resolver os problemas do mundo, acusando os decisores políticos de terem falhado.

A primeira iniciativa do tipo realizou-se no dia 30 de Novembro de 2015, quando um grupo de estudantes convidou outros estudantes de todo o mundo a faltarem à escola pelo clima. Era o primeiro dia da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em Paris. A greve foi organizada em mais de 100 países e participaram nela mais de 50 000 pessoas. As exigências eram claras: 100% de energia limpa; deixar os combustíveis fósseis no solo e ajudar os “refugiados climáticos”.

No entanto, seria a iniciativa de uma outra estudante — Greta Thunberg — então com 15 anos, em 20 de Agosto de 2018, que viria a dar origem ao movimento global hoje conhecido por Greve Escolar pelo Clima ou Sextas-Feiras pelo Futuro.

Greta Thunberg 4
Greta Thunberg em frente ao parlamento Sueco em Agosto de 2018. Anders Hellberg, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons
Desde então, várias greves pelo clima inspiradas em Greta Thunberg começaram a ser organizadas por todo o mundo, aumentando a participação, mas, principalmente, atraindo cada vez mais a atenção da comunicação social e dos políticos.

Em 15 de Março de 2019 realizou-se a primeira greve verdadeiramente global, envolvendo mais de 1 milhão de pessoas, que realizaram cerca de 2200 eventos em 125 países. Só na Alemanha, mais de 300 000 estudantes manifestaram-se em 230 cidades. A segunda greve climática global aconteceu no dia 24 de Maio de 2019 em mais de 1600 cidades de 125 países.

No dia 21 de Junho de 2019 a Sextas-Feiras pelo Futuro Alemanha organizou uma nova greve pelo clima em Aachen, convidando pessoas de 17 países sob o lema “Justiça climática sem fronteiras — Unidos por um futuro”. Na sequência do evento a cidade de Aachen seguiu outras cidades alemãs e declarou o estado de emergência climática.

Número de participantes nos protestos de 20 a 27 de Setembro de 2019 por país. © ERAGON, Night Lantern

No seguimento das várias greves que foram acontecendo, entre 5 e 9 de Agosto a Universidade de Lausana, na Suíça, realizou uma conferência internacional que juntou 450 jovens Europeus do movimento da greve pelo clima. A conferência terminou com uma demonstração pública e com a publicação da Declaração Climática de Lausana, onde apresentaram os valores, os objectivos e as medidas propostas pelo movimento.

Na última semana, entre 20 e 27 de Setembro, decorreu a Semana Global pelo Futuro, inspirada no movimento Greve pela Terra e na Cimeira de Acção Climática das Nações Unidas, que decorreu em Nova Iorque no dia 23 de Setembro.
20–27 September Climate strikes attendee numbers

Número de participantes nos protestos de 20 a 27 de Setembro de 2019 por país. © ERAGON, Night Lantern; https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0/deed.en (no changes)

O assunto das alterações climáticas é agora muito mais falado do que na primeira greve pelo clima, em Março. No entanto, apesar de tudo ainda não é possível falar em medidas concretas tomadas pelos governos, salvo raras excepções. Os jovens, que muitas vezes são acusados de serem comodistas, dão agora ao mundo uma lição que na verdade incomoda até muita gente, mostrando que o problema das alterações climáticas não é algo que possamos adiar ou tratar de ânimo leve.

Fridays for Future in Stockholm 2019
Sextas Feiras pelo Futuro em Estocolmo, a 27 de Setembro de 2019. Frankie Fouganthin, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons
Muitos dos efeitos das alterações climáticas já são irreversíveis. Não há planeta B!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *