Riscos e cuidados no uso do telemóvel

Apesar de o primeiro computador ter sido apresentado ao mundo há já mais de 70 anos (Fevereiro de 1946), foi só na última década do século passado, com a revolução do computador pessoal, que este passou a ter um alcance verdadeiramente global.

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Um percurso semelhante foi seguido pelo telemóvel. O primeiro surgiu a 3 de Abril de 1973 e custava qualquer coisa como 21 mil euros actualmente. No entanto, a grande revolução do telemóvel aconteceu em 2007, quando a Apple apresentou o iPhone 1, apesar de o primeiro smartphone ter sido criado em 1992.

Apesar de a população mundial ser de 7,6 mil milhões de pessoas no final de 2018, o número de cartões SIM era de 7,9 mil milhões (103% da população mundial) e utilizavam o telemóvel 5,1 mil milhões (67% da população mundial). Desses, 60% eram smartphones (infografia, em inglês).

Número de telemóveis vendidos em tudo o mundo entre 2007 e 2019, com previsão para 2019 e 2020. Statista.

Apesar de o telemóvel ser uma ferramenta de simples e prática utilização, o seu uso deve respeitar algumas regras que, se forem desprezadas, podem mesmo pôr em risco a nossa saúde e a dos outros, a vários níveis. Claro que nem todos os malefícios do uso incorrecto do telemóvel são baseados em estudos científicos igualmente sólidos. Ainda assim, há um conjunto de efeitos que são mais ou menos consensuais entre a comunidade científica e outros, ainda, que estão perfeitamente fundamentados.

Um dos efeitos negativos do uso do telemóvel (e dos equipamentos electrónicos em geral) é a perturbação do sono, quando este é usado próximo da hora de dormir ou mesmo já na cama, tendo um impacto negativo na sua performance no dia seguinte. Os conselhos dos especialistas são para o não uso de equipamentos electrónicos de 30 minutos a 2 horas antes de dormir e, se o fizer, deve reduzir a intensidade da luz e principalmente manter o telemóvel longe de si durante a noite, se possível fora do quarto. Para além de evitar ser perturbado durante a noite, recebe uma menor quantidade de radiação electromagnética no cérebro.

Há já muitos anos que os cientistas estudam os efeitos da exposição à radiação emitida pelos telemóveis no corpo humano. No entanto, por ser um tema extremamente complexo e que precisa de investigação durante muito tempo, ainda não há conclusões absolutas. Ainda assim, há estudos que dizem que a exposição à radiofrequência pode provocar, no longo prazo, cancro, doenças mentais, infertilidade e até tumores no cérebro e ouvidos. Apesar de os estudos continuarem, há algo que é, para já, unânime: as crianças e jovens devem ficar o mais longe possível do telemóvel durante a noite, que, idealmente, deve estar em modo de voo ou mesmo desligado.

Outra das coisas que não deve fazer, de maneira nenhuma, é dormir com o telemóvel debaixo da almofada, principalmente se este estiver a carregar. A polícia de Nova Iorque publicou algumas fotografias de casos reais, em que o telemóvel sobreaqueceu e acabou por se incendiar.


Crédito: NYPD 33rd Precinct.

Várias pessoas partilharam também imagens de queimaduras de primeiro e segundo grau depois de terem dormido com o telemóvel debaixo da almofada.

Por fim, apresento uma outra situação em que o uso do telemóvel é extremamente perigoso e deve ser evitado a todo o custo — enquanto conduz. Estudos mostraram já que há um risco de sofrer um acidente, que é muitas vezes superior, enquanto conduz e usa o telemóvel, sendo já responsável por um maior número de acidentes do que o álcool. Dados divulgados pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) mostram que os tempos de reacção do condutor a utilizar o telemóvel são 30% mais lentos do que aqueles que ocorrem na condução sob o efeito de álcool com uma taxa de 0,8 gramas por litro no sangue e 50% mais lentos do que aqueles que se verificam numa situação de condução normal. Em 2018, a GNR e a PSP passaram, em média, 107 multas por dia por uso do telemóvel durante a condução, num ano em que o total de infracções chegou perto de 40.000. O Reino Unido, por exemplo, começou já a experimentar “radares” para detectar uso de telemóvel ao volante.

A União Europeia está também a trabalhar neste campo e, em Abril deste ano, o Parlamento Europeu aprovou um novo regulamento que irá obrigar a que todos os carros vendidos a partir de 2022 na União tenham novas tecnologias de segurança. As novas regras irão incluir um limitador de velocidade automático, um gravador de dados tipo caixa negra, um sistema de câmaras de monitorização interna que irá avisar o condutor no caso de sonolência e distracção (como o uso do telemóvel) e que pode bloquear o veículo caso seja detectado que o automobilista não esteja em condições de conduzir, entre muitos outros sistemas para melhoramento da segurança rodoviária. Só é pena não ser obrigatório já a partir de 2020!

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