Portugal gastou os recursos naturais deste ano 21 dias mais cedo do que no ano passado, diz a associação ZERO. Se os outros países consumissem recursos ao mesmo ritmo, precisaríamos de mais dois planetas.
“Se cada pessoa no Planeta vivesse como uma pessoa média portuguesa, a humanidade exigiria mais de 2 planetaspara sustentar as suas necessidades de recursos. Tal implicaria que a área produtiva disponível para regenerar recursos e absorver resíduos a nível mundial esgotar-se-ia no dia 26 de maio (em 2018 foi a 16 de junho). A partir daí seria necessário começar a usar recursos naturais que só deveriam ser utilizados a partir de 1 de janeiro de 2020“, diz a associação ambientalista ZERO.
Portugal é, há já muitos anos, deficitário na sua capacidade para fornecer os recursos naturais necessários às atividades desenvolvidas. “O mais preocupante é que “dívida ambiental” portuguesa tem vindo a aumentar. É urgente inverter esta tendência de acumulação de dívida. Tal é possível com a adoção de algumas novas práticas, em particular na área da alimentaçãoe mobilidade”, continua a associação.
Como reduzir a dívida ambiental Portuguesa (e de todos nós)
O consumo de alimentos (32% da pegada global do país) e a mobilidade (18%) encontram-se entre as atividades humanas diárias que mais contribuem para a Pegada Ecológica de Portugal e constituem os pontos críticos para intervenções de mitigação da pegada.
Neste contexto, a ZERO sugere:
- Conheça a sua pegada ecológica; o projeto Pegada Ecológica dos Municípios – uma parceria entre a ZERO, a Global Footprint e a Universidade de Aveiro – em desenvolvimento em seis municípios portugueses disponibiliza uma calculadora em português que poderá ser usada para ter uma noção aproximada da pegada que cada um de nós está a deixar no ambiente: https://www.pegadamunicipios.pt/calculadora.
- Reduza a presença de proteína animal na sua alimentação: os dados para Portugal indicam que cada português consome cerca de 3 vezes a proteína animal que é preconizado na roda dos alimentos, metade dos vegetais, um quarto das leguminosas e dois terços das frutas. Aproximar a nossa dieta à roda dos alimentos reduz, de forma significativa, o impacto ambiental associado à alimentação e é mais saudável.
- Movimente-se de forma sustentável: use os transportes coletivos, ande de bicicleta, a pé, de trotinete (e incentive as crianças a fazer o mesmo) e, claro, reduza ou elimine mesmo as viagens de avião.
- Consumir de forma mais circular: é fundamental mudar o paradigma de “usar e deitar fora”, muito assente na reciclagem, incineração e deposição em aterro, para um paradigma de “ter menos, mas de melhor qualidade”, com um forte enfoque na redução, reutilização, troca, compra em segunda mão e reparação.
O que é a pegada ecológica
Tal como um extrato bancário dá indicação das despesas e dos rendimentos, a Pegada Ecológica avalia as necessidades humanas de recursos renováveis e serviços essenciais e compara-as com a capacidade da Terra para fornecer tais recursos e serviços (biocapacidade). A Pegada Ecológica mede o uso de terra cultivada, florestas, pastagens e áreas de pesca para o fornecimento de recursos e absorção de resíduos (dióxido de carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis). A biocapacidade mede a quantidade de área biologicamente produtiva disponível para regenerar esses recursos e serviços.