Região Centro com crescimento migratório positivo em todos os municípios em 2023

Aguiar da Beira é um dos nove municípios da Região Centro com crescimentos migratórios positivos em todos os anos da última década. Por outro lado, apresenta um crescimento natural negativo face a 2022 (-2,15%).

De acordo com as Estimativas Provisórias de População Residente em 2023, na Região Centro residiam 2,3 milhões de pessoas, correspondendo a 21,6% da população portuguesa. Assim, face a 2022, na Região registou-se um crescimento populacional de 1,56%, superior à variação nacional de 1,16% e ao aumento observado nas restantes seis regiões portuguesas. A população residente no Centro aumentou pelo quinto ano consecutivo.

O acréscimo populacional no Centro, em 2023, resultou de um crescimento migratório (+2,13%) que mais do que compensou o decréscimo natural (-0,58%). Isto significa que o número de imigrantes foi superior ao de emigrantes e que superou o saldo natural negativo resultante dos óbitos serem superiores aos nados-vivos. O saldo migratório tem sido positivo desde 2017 e atingiu em 2023 o valor mais elevado da última década, que quase duplicou o saldo do ano anterior.

Taxa de crescimento (efetivo, natural e migratório) da população residente na Região Centro, 2013-2023

Em 2023, a quase totalidade (93) dos municípios observou acréscimos populacionais relativamente a 2022, sendo que 30 cresceram acima da média regional (1,56%) e 54 acima da média nacional (1,16%). Apenas seis municípios registaram perdas populacionais: Pinhel (-0,61%), Figueira de Castelo Rodrigo (-0,42%), Almeida (-0,37%), Proença-a-Nova (-0,17%), Abrantes (-0,14%) e Meda (-0,09%) e um registou uma taxa de variação da população nula: Seia. O crescimento populacional observado nos 93 municípios deveu-se ao crescimento migratório que foi positivo e superou os decréscimos naturais observados em quase todos (com exceção da Batalha).

Efetivamente, em 2023, todos os 100 municípios da região observaram um crescimento migratório, destacando-se Vila Nova da Barquinha (4,17%), Óbidos (4,04%) e Pedrogão Grande (4,00%), com taxas iguais ou superiores a 4%. Vila Nova da Barquinha e Óbidos foram também aqueles que atingiram o maior crescimento populacional da região, “o que demonstra a importância do aumento do número de imigrantes na dinâmica demográfica destes territórios (ambos com saldos naturais negativos)“, referiu a CCDRC. Em 15 municípios, as taxas de crescimento migratório foram superiores a 3%, número que aumenta para 58 se considerarmos taxas acima de 2%. É ainda de destacar que 47 municípios cresceram acima da média regional (2,13%) e 83 acima da média nacional (1,47%). Por oposição, Pinhel (0,89%) e Guarda (0,98%) foram os dois municípios com a menor taxa de crescimento migratório, inferior a 1%.

Taxa de crescimento efetivo por município, 2022-2023. ©CCDRC
Taxa de crescimento natural, 2023. ©CCDRC
Taxa de crescimento migratório, 2023. ©CCDRC
Taxa de crescimento migratório, 2013. ©CCDRC

Analisando a taxa de crescimento migratório há 10 anos, verificava-se que o padrão regional, em 2013, era praticamente o oposto do atual, com apenas nove dos 100 municípios do Centro a registarem aumentos migratórios. Porém, mais recentemente, sobretudo a partir de 2019, a tendência alterou-se e a grande maioria dos municípios da região começaram a observar crescimentos migratórios em vários anos. Em cada ano, desde 2019, existiram sempre mais de 90 municípios com taxas de crescimento migratório positivas.

Aguiar da Beira com crescimentos migratórios positivos em todos os anos da última década mas com crescimento natural negativo

Ao longo dos últimos 10 anos destacaram-se, por terem sempre crescimentos migratórios positivos, nove municípios: Óbidos, Sobral de Monte Agraço, Pampilhosa da Serra, Vila Velha de Rodão, Vila de Rei, Idanha-a-Nova, Sabugal, Aguiar da Beira e Torres Vedras. No entanto, “este crescimento migratório não foi uniforme ao longo de toda a década“. Assim, entre 2013 e 2018, as taxas de crescimento migratório foram inferiores a 1% (com exceção de Vila Velha de Rodão que, em 2017 e 2018, já registava taxas superiores a 1%). A partir de 2019, assistiu-se a uma intensificação do crescimento migratório nestes territórios, passando as respetivas taxas para valores significativamente superiores a 1%.

Em relação ao crescimento natural (diferença entre a natalidade e a mortalidade), em 2023, à exceção da Batalha que aumentou 0,20%, todos os restantes municípios registaram taxas de crescimento natural negativas face a 2022, salientando-se Sabugal (-2,25%) e Aguiar da Beira (-2,15%). O relatório refere ainda que, dos 99 municípios da região com decréscimos naturais (ou seja, onde o número de óbitos superou o de nados-vivos), 66 tiveram um desempenho pior do que a média regional (-0,58%) e 84 do que a média do país (-0,31%).

Estas são algumas das conclusões da CCRDC da análise dos dados das Estimativas Provisórias de População Residente em 2023, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, cuja versão integral da nota de análise sobre a Região Centro pode ser consultada aqui.

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