Investigação Guardian: quase todos os Europeus respiram ar tóxico — Aguiar da Beira também ultrapassa os valores padrão

Investigação do jornal inglês Guardian revela que 98% dos Europeus respiram ar poluído altamente nocivo, responsável por 400 000 mortes por ano. No concelho de Aguiar da Beira, a quantidade de PM2.5 também excede a diretriz da OMS.

© Expanse project; Guardian analysis

Uma investigação do jornal inglês Guardian, publicada esta quinta-feira, mostra que a quase totalidade dos europeus vive em zonas onde a poluição atmosférica alcança níveis perigosos para a saúde pública. Usando imagens de satélite detalhadas e dados de mais de 1400 estações terrestres de monitorização, a investigação concluiu que 98% dos europeus respiram diariamente partículas finas altamente nocivas que excedem as diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS), que definem que a concentração anual média de PM2.5 não deve exceder os 5 microgramas por metro cúbico (µg/m3).

O país em pior situação é a Macedónia do Norte, mas a Europa de Leste, em geral, está numa situação significativamente pior que a Europa Ocidental, onde se destaca, pela negativa, a Itália. No Norte do país transalpino, dois terços dos habitantes respiram ar que excede em quatro vezes as diretrizes da OMS.

Quase totalidade do território português excede os 5 µg/m3

Em Portugal, a maioria do território apresenta uma concentração de PM2.5 entre 6 e 7,5 µg/m3. Tal como esperado, o Litorial apresenta concentrações significativamente mais elevadas que o Interior, com destaque para o Litoral Norte e a região de Lisboa, onde as concentrações de PM2.5 atingem os 12 µg/m3, mais do dobro do valor padrão da OMS. As concentrações mais baixas podem ser encontradas, principalmente, no Interior Norte.

No concelho de Aguiar da Beira, oito das dez freguesias apresentam uma concentração média de PM2.5 entre 5 e 6 µg/m3, o que, considerando o uso generalizado de combustíveis fósseis, é um valor relativamente baixo. As freguesias de Dornelas e Forninhos apresentam uma concentração média de PM2.5 entre 6 e 7,5 µg/m3, ainda assim dentro da média da maioria do território português.

O Guardian trabalhou com especialistas em poluição para produzir um mapa interativo onde pode consultar, até ao nível de freguesia, todas as regiões analisadas.

O que são as partículas PM2.5?

PM2.5 é o nome das partículas que têm menos de 2.5 micrómetros de diâmetro. São invisíveis ao olho nu e suficientemente pequenas para penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea, afetando quase todos os órgãos do corpo. A exposição a estas partículas minúsculas é a principal responsável pelos problemas de saúde causados pela poluição atmosférica e o principal fator de risco ambiental para a morte prematura.

As partículas PM2.5 têm origem, principalmente, na queima de combustíveis fósseis, através da produção de eletricidade, do aquecimento doméstico e do tráfego automóvel.

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